Quem sou eu

Itanhaém, São Paulo, Brazil
Cristina Bastos, formada em Pedagogia pela Universidade Metodista, com vasta experiência em Educação Infantil. Trabalhou 6 anos com comunidades carentes na região de Interlagos na favela do Rio Branco, na creche do Hospital São Luiz e aprofundou-se na área fazendo um curso voltado a crianças com necessidades especiais e desnutrição infantil. Trabalhou no CREM, uma fundação que cuida de crianças com desnutrição severa. Realizou vários trabalhos na área da saúde com famílias carentes de diversas comunidades. Pretende usar sua experiência em educação para ajudar as comunidades de Itanhaém.

Mulheres contam como é a dor de perder um filho


15/05/2012 21:18
A partir de seus dramas pessoais, elas se tornaram guerreiras e símbolos da luta contra a violência
THAÍS NUNES


Saudade, nas palavras de Chico Buarque, “é o revés de um parto, é arrumar o quarto do filho que já morreu”. Saudade é  a pena a qual três mães foram condenadas eternamente sem que tivessem cometido crime algum. Saudade é o que move a luta delas por uma sociedade em que a violência não impeça outras mulheres de passarem os dias ao lado de seus filhos. 


Ivanise Esperidião da Silva, Débora Maria da Silva e Keiko Ota tornaram-se símbolos de uma legião de mães que tiveram parte da vida arrancada. Seus filhos são jovens desaparecidos ou mortos, alguns assassinados por representantes do Estado. A dor da perda, inexplicável e incurável, fez com que se tornassem guerrilheiras. 


Ivanise está à frente das Mães da Sé, referência nacional na busca por pessoas desaparecidas. Débora é a líder do Movimento Mães de Maio, grupo que luta contra a violência policial nas regiões pobres do país. Keiko é deputada federal e briga pelo direito dos familiares de vítimas da violência.  Para além da tragédia, todas estão unidas pela garantia de que o dom sublime da maternidade não seja suprimido. 


MÃES DE MAIO
DÉBORA  DA SILVA


Débora Maria da Silva completou 53 anos na quinta-feira, dia 10. Para ela, maio é marcado pelo início de sua vida e de sua batalha incansável contra a violência policial nas periferias do país. Em 15 de maio de 2006, um dia depois do Dia das Mães, seu filho Edson Rogério da Silva Santos foi executado pela PM durante os ataques do PCC. Rogério era gari e nunca teve ligação com o crime organizado. “Meu menino morreu e eu não me conformava”, conta. Débora entrou em depressão profunda, corria quando a campainha tocava para ver se era o filho que chegava. Pensou que estava louca e ficou internada. “Foi no hospital que senti ele me levantando pela mão. O Rogério pediu para que eu lutasse por ele”. E a batalha começou. De porta em porta, ela reuniu as mães de inocentes mortos em ações da polícia. O Movimento Mães de Maio luta pelo fim do registro das resistências seguidas de morte e pela federalização da apuração dos crimes cometidos em maio de 2006. A voz da mãe de Rogério chegou até Brasília. “Minha gana por justiça é imensa. Sempre acreditei na minha luta e  vou muito mais longe pelo povo pobre, mas digno.”


POLÍTICA DA PAZ
KEIKO OTA


“Não é fácil”, desabafa a deputada federal Keiko Ota (PSB-SP), de 55 anos. Aos 41, seu filho Ives protagonizava um sequestro que mobilizou o país.  O menino de 8 anos foi assassinado pelos criminosos na primeira noite do cárcere com dois tiros no rosto. Tudo foi planejado por um PM que trabalhava em uma das lojas da família Ota. Ele e outros dois homens foram presos. “É uma dor que não sei explicar. Você morre por dentro”. Keiko e o marido rodaram o país em busca de 3 milhões de assinaturas exigindo penas mais duras para crimes hediondos. Fundaram também o Movimento da Paz e Justiça Ives Ota e a deputada perdeu as contas de quantas mães foram auxiliadas pela iniciativa. No Congresso, luta para que familiares de vítimas de violência tenham direito a assistência psicológica e social. “Esses benefícios estão garantidos pela Constituição Federal. Os culpados devem ter seus direitos preservados, mas aqueles que sofrem com a perda também”, argumenta. Keiko diz ter perdoado os assassinos.


MÃES DA SÉ
IVANISE ESPIRIDIÃO


Ivanise Esperidião da Silva Santos, de 50 anos, vive um luto sem prazo para terminar. Em dezembro de 1995, sua filha de 13 anos saiu de casa e nunca mais voltou. “Minha vida é uma interrogação desde então”. A dor latente acompanha a mãe que nunca teve um corpo para sepultar, mas também desconhece o paradeiro da filha. Para ajudar suas semelhantes, criou a Associação Mães da Sé e virou referência nacional na procura por desaparecidos. Nesses anos de trabalho, fez com que 2.657  pessoas voltassem para casa. Também encontrou 212 desaparecidos mortos. Mas sua angústia pessoal está longe de terminar. Sempre chora em datas comemorativas. “Não tem como segurar as lágrimas”.   A outra filha, de 29 anos, tenta confortá-la com um almoço especial, um presente, um afago.  Mas a esperança de receber um beijo da filha desaparecida no próximo ano não muda.


Pesquisa aponta Brasil como o 12 melhor país para ser mãe 


Relatório da ONG norte-americana Save the Children aponta que, entre os países menos desenvolvidos, o Brasil é o 12 melhor para ser mãe. Nosso país ficou atrás de nações como Cuba, Argentina, Uruguai e Colômbia, e à frente de China e Índia.


O estudo comparou índices como saúde materna, educação, situação econômica e de saúde em 165 países, divididos em desenvolvidos, menos desenvolvidos e pobres. 


A base para o relatório foram dados de agências governamentais, instituições de pesquisa e agências internacionais. 


A ONG concluiu  que os melhores países são os europeus, enquanto os piores estão na região da África subsaariana. A Noruega, diz a ONG, é o país que oferece melhores condições para as mães. Islândia e Suécia ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. 


O último colocado é o Níger, desbancando o Afeganistão — pior país eleito pelo estudo feito nos últimos dois anos. A fome é o principal problema da nação africana.


“As mães com acesso à educação, boas oportunidades econômicas e com melhores cuidados de saúde têm maiores chances de sobreviver e prosperar”, conclui o relatório. 


Luta na Argentina dura mais de 35 anos
As Madres de Plaza de Mayo se reúnem toda semana para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar no país.


Mães de Maio contam  histórias em livro
No final deste mês, as Mães de Maio lançam livro sobre a história do movimento, violência na periferia e o sistema prisional. Mães, poetas, rappers, redes e coletivos autônomos, resistentes da ditadura e jornalistas participam do projeto. 

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